Procuro uma palavra que me caiba, algo que apeteça-me ser... Um rumo, um prumo, um jeito... Um ciclo de coisas, de nunca e sempre... Em perpétua guerra, comigo mesma, então eu peço-me trégua, e proponho-me. PAZ.

GUARDIÃ DA MINHA IMPUNIDADE DE DIZER...

Eu não consigo ser chique e escrever tudo só em duas frases. Como a maioria faz.

Eu sangro a mente aos borbotões. Como espuma em cachoeira. Vou além da lógica das palavras. E em cada palavra vou me desfazendo um pouco de mim. Eu uso um pouco aqui e outro ali... sou sempre um alinhavo. E de leve, torno-me pesada (demais), mas vou tentando. Não quero um público que passa aqui apenas por cortesia. Esse meu canto é uma visita abandonada (algo pra eu vir me ouvindo). Assistindo-me. Pra eu ser a minha cúmplice. Compartilho-me comigo. Sou meu lumiar na minha lista de palavras (não li"n"das), mas que eu adoro. Como da letra a beleza é a melodia. Eu vou me falando sem querer... Sem falar... Ouvindo-me. Sem dizer (o que dá no mesmo) ou não? Aceitarei gestos (comentários) comedidos – daqueles que me conhecem (profundamente). Não abra as minhas janelas (sem que tenham) algo (para dizer-me).

As minhas personalidades (são impossíveis) de juntar. Me constituem (em milhares) mulheres inocentes de mim (quase todas) diferentes (vontades) sonhos. Gestos (descobertas) impossíveis (acho), mas assentirão ( que eu vá escrevendo-me) as minhas porcarias básicas (ou coisa alguma) frase interessante (deliciosa). Ou talvez nada (seja só um exercício) de um tempo cruel (pra espantar a velhice) risos. Ou só desculpas ridículas. (desde a minha infância remota) eu sei que eu sou assim, eu não tenho conserto. Nem dinheiro nenhum. Eu nem ligo pra coisas importantes. Nem pra pessoas interessantes. Vou “só” sonhando. “Só” pensando. Até eu queimar. E mudar de céu. E não ser mais. Mas eu não sou. E quem é? Quem me conhece sabe. Que eu sou. Ou muito triste. Ou muito irritada. Ou muito feliz. Ou muito apaixonada. Muito intensa. Ou muito tudo. Ou muito nada. Sem controle. Sem siso. Sem nada de nada. Mais informações? As pessoas interessadas. Que acessem. Ao interesse delas. Vou ficando por aqui. Me matutando. Me respondendo. Alguns vestígios? Evocam... Marcas que passam. Permanência? É presença. Tudo é significado. Na fragilidade das listas. Há sempre um olhar cravado em mim (de sempre). E PRA SEMPRE. Cujo sabor é esquecido? (jamais).


domingo, 2 de dezembro de 2012

CÚMPLICE


eu sou essa tua moça
de carne cor de rosa
sob essas estrelas

ah! só você
só você sabe ler os meus lábios...

então eu te proponho
que tu me ames

venha meu vassalo
meu semeador

meu homem ardente...
meu vento perfumado...
venha fogo consumidor...










quarta-feira, 28 de novembro de 2012

ABISSAIS



os teus beijos são arco-íris de delicias na minha boca,
tu estás guardado no meu baú de amores...
é calmaria e permanência.
 Como apagar o teu cheiro?


e depois...
recolha-me em ti
nesse morno cansaço
entrego-me deusa
ama-me profano
consagração
incenso
meu corsário com flores
minha ternura de orvalho

DO QUE ME FARTO?




eu acho que quando eu não escrevo,
 eu estou morta.
 (CLARICE)



eu acho que a minha audácia é a luz,
  os girassóis,
 os dourados,
 e os amarelos  inexoráveis, 
afogueando-me.
 (SERPENTE ANGEL)


e meus olhos enxergaram,
por fim

e esqueci os beijos
e o arrepio da pele
e o acinzentado das carícias
das ternuras
que sobram,
e que já não sei usar

dos ecos
das flores
que nunca chegaram
das cartas longínquas
do riso com previsão
dos lábios
sem sede de molhar o olhar
sem a doçura que acalente os sonhos
ou os desejos que soletrem a boca

cerrada...
como um segredo desvendado
que se abriu pro mundo

cansada
da ausência anunciada
do gelo...
da névoa...
da neve...
do engano...
da leve partida...
[tão pesada]

eu...
sumida...
acumulada...

em mim...

****




"Quem pode, na palavra - despedida,
prever que separação nos espera (...)?
Osip Mandelstam


eu sempre te espero
fogo aceso...
maçãs...
mel...
taças...
transbordamento...
celebração...

SEM ECONOMIZAR EMOÇÕES


me disseram que todas as palavras de amor já foram ditas. Será por isso que te amo em silêncio?
não me explique, porque os desejos são líquidos...   é a corda... é o nó...  de todas as vidas por trás da minha...

Se eu soubesse dobrar origamis, quem sabe eu encontrasse as minhas pernas perdidas
(no meio deste sonho) de papél.  Cansadas... Coitadas...(de tanto viver) este amor. Quem sabe eu pudesse encontrar as minhas pernas (encantadas –  coitadas! em calçadas – e contrarias) a mim mesma. Em cartas. Em notas. Em senso. Um dia. Em versos. E fábulas. E mudos relógios. E eu as convidaria, elas (as minhas pernas) e encheria a minha noite (de cor). De todas as cores. E a lua. E as pedras. E os perfumes. E tudo andava-me pelas ruas (da menina) em mim. E quem sabe eu amaheceria (parecendo) mesmo gente (grande) feliz. Sem o olhar extático da aurora. Eu sei que este meu amor é um transbordamento aos teus ouvidos. Eu sei. Então eu só peço (as minhas pernas) que repousem (quietas). Muito quietas. Este é o grande afeto que te deixo. Sem o exaspero das lágrimas. Sem a fascinação das promessas. Quieta. Misteriosa. Palavras (dos véus) da alma. Bebendo da tua boca. O perfume dos sorrisos. Despeço-me com um beijo teu (nos meus lábios) vermelhos.

Ah! Se eu  fosse um casulo e não versos inspirados...]
falcão ou gaivota?
meu ninho é o teu colo
meu refúgio...
é você,
é isso,
que eu precisava tanto dizer...



Um dia, o maestro Antônio Carlos Jobim, atônito com a inconstância amorosa de seu parceiro, perguntou ao poeta Vinicius de Moraes: 'Afinal, poetinha, quantas vezes você vai se casar?' Vinicius (...) num dos seus improvisos de sabedoria, respondeu: 'Quantas forem necessárias'. O maestro não devia estar assim espantado. A inconstância foi um defeito que Vinicius transformou em suprema qualidade. Um erro feliz. Ela não tomava conta apenas de sua vida amorosa, mas dava o tom de sua relação com o mundo. Talvez nem fosse inconstância. Era, seguramente, um atributo que não devia ser confundido com a leviandade, com infidelidade ou fraqueza de caráter. Vinicius foi um homem sem limites, que não admitiu poupar a vida como se ela fosse um estoque limitado e frugal de emoções, que não permitiu que a avareza triunfasse sobre a generosidade. Tornou-se, com os anos, um homem abundante, que não tinha nenhum respeito por sentimentos melindrados como o medo, o comedimento ou a mesquinhez.
(José Castello, em Livro de Letras, Vinicius de Moraes)

TERNURA
[Vinicius de Moraes]

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos

Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade
o olhar extático da aurora.



ABRANDO



na carne tenra
na energia
no submisso
no profano

borbotões...
desejo-lhe
que a paixão
lhe seja generosa

transgri (doce)
um prazer que atordoa...

abrando-me...]

dói?
sim,
mas o amor
e as suas marcas
ficam
somente em mim
guardo as suas
palavras não ditas
no rosa
no arco-íris
no perfume do tempo
numa lágrima azul

sem lamentos
ou amarelos ardis
[Ah! meu amado, dias sem você não são dias, são nada].

enleios
notívagos
monólogos
confidências ao amanhecer
é que entre nós
é preciso domar a realidade

renasço...
lasso...
langor...
abraço...
nego-me
desfaço-me
abro-me em bicas
desaguo em paredes que desmanchei
sem pouso
mancha
fome
mofo
morte?
não...
cercada de um colorido
eternidade
labirinto
alma 
espelho
memórias do amor
por você,
inteiro,
dentro...
de mim

insubmissa
do meu jeito
"EU TE AMO"
eu brinco
poema
imita-me 
e beija
os (meus)lábios
(os teus)
mais amados
termina a minha boca
na tua boca...

abrando-me
insubmissa,
brinco,
busco
a menina
que
você
deixou
em 
mim...
abrindo-me
do 
meu
amor
por
você,

não tem fim...



domingo, 25 de novembro de 2012

HARMONIA


As letras...
O silêncio...

a euforia do grito
repousa tranquilo
[na garganta]

as cordas dessa
brisa refrescante

as gotículas
que escorrem
[na vidraça da janela]

o desenho dos
dedos que desliza
no ponteiro das horas
[bebem]
uma letra...
mais outra letra...
e mais outra...

prometem?
finalmente!
uma manhã de sol?

e quem sabe
o meu olho
[nu]
possa até vislumbrar
uma estrela
[cadente?]
no céu...
[ou um arco íris?]
após tantas chuvas...

por que molha,
esfria,
trás transtornos?
eu amo chuva....

ahhhhhh... quotidiano da paz...

terça-feira, 20 de novembro de 2012

MANOBRA


e ela gritava um
êxtase de gosmas e de lírios...

e?
aaaaaaaaaaaiiii...

na mornura do gozo ajoelharam-se empapados de mel
e esfuçando-se entre as amoras e o pio dos passaros...
disseram-se para os olhos:
todas as nossas manhãs são noites de sol...

VOAR



eu deixo que o teu olhar
me proteja

eu deixo que a tua alma
me encontre

eu deixo que as tuas asas
me ensinem

tu me leva?

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

PRIMAVERA DOURADA



e de repente eu estava ali, no mesmo sentido horário, plena de paz, em paz, grávida, grávida de luz...]

Como um sonho. um contexto dentro do contexto de um sonho. estar dentro deste sonho. conduziu-me ao despertar de um sonho. acordar desse sonho. revelou-se a essência que sempre estivera ali. e tão ali.  e que não havia sido percebida. mas que sempre estivera ali. e o impulso desse amor, tem movido camadas e camadas. tem remexido no escondido do escondido. no minério está o ouro. e para chegá-lo, removem-se as crostas. Num processo de refinamento e paciência. Onde as impurezas são refinadas calma e pausa (da) mente. descansar (a mente). e tudo o que resta é o ouro em sua essência pura. em seu frescor verdadeiro. você deveria ter visto os meus olhos (sei que eram os teus olhos), eu sei que me viu, de como eu vi as coisas devagarzinho, de como bebi cada instante, de como abracei cada coisa, cada som, cada silêncio, cada palavra, e de como vasculhei e vi dentro de mim... eu te vi, e separados os olhos por kilometros e kilômetros, montanhas e rios, oceanos e mares, imensidão de lugares... eu diria que seria “quase” impossível ter girado esse tempo no mesmo tempo, no mesmo sentido horário, mas aconteceu, e aconteceu, e o impulso do querer acontecer, aconteceu, e aconteceu você, dentro de mim, e você me conduziu pra esse sonho (saiba disso), um sonho que estava ali, que sempre estivera ali, mas que eu ainda não havia percebido. obrigada meu amor, por ter me retirado da “caixa”. eu apreciei tudo. amei tudo. e tudo o que vi, e tudo o que senti foi belíssimo, foi especial, foi único, foi maravilhoso, e quando eu olhei, eu não precisei de fé, eu não tive dúvidas, eu tive certezas, eu acho que isso é fé...  

e agora? por certo, depois de tudo... há indícios de que eu venha a ter por filhos... (estrelas)




GRAMADO – EU fui...


Estar em Gramado significa estar numa terra de delícias. A cidade oferece a possibilidade de escolher entre uma grande variedade de restaurantes, cantinas, casas de café colonial, galeterias, fondues e tantos outros estabelecimentos que, juntos, oferecem o que há de melhor neste mundo dos sabores.
Um roteiro diversificado leva o visitante para verdadeiros banquetes, porque em Gramado o ato de comer não é considerado mera necessidade. Por aqui os restaurantes celebram este momento com mesas impecáveis, ambientes fantásticos e pratos irretocáveis.
Em Gramado não faltam opções de sabores, confira abaixo e escolha o sabor que mais lhe agrada.
Numa cidade que tem forte descendência italiana, é comum encontrar cantinas e galeterias. Um almoço ou jantar nestes estabelecimentos resume-se numa palavra: fartura. Desde a entrada, que apresenta uma variedade de salames, queijos e vinhos, até um saboroso risoto, a tradicional pasta ou o tenro “galeto ao primo canto,” tudo é intenso como os próprios italianos.
Se a opção for comida alemã, o que se encontra é uma mesa colorida e alegre como os descendentes de origem germânica. A salsicha, a carne de porco e as aves são as variedades mais consumidas, acompanhadas de muito chopp, é claro!
Mas se o visitante sentar à frente de uma mesa de café colonial vai ser difícil conter a gula. Beira a extravagância uma mesa com mais de 80 variedades de doces e salgados, sucos, chocolates, cafés e vinhos. O desafio consiste em conseguir provar tudo.
“Uma comida que também se come com os olhos”. Assim podemos definir o exótico cardápio japonês. A comida é considerada leve, nutritiva e de fácil digestão. Dizem que é preciso um certo ritual para apreciá-la. Os cenários maravilhosos de Gramado são ideais para este momento.
A tradição vem das cidades europeias e, como não poderia deixar de ser, a serrana Gramado incorporou a fondue em seu cardápio.
O inverno conclama para que todos se aqueçam com um bom vinho e passem horas em torno de uma mesa saboreando esta iguaria. Muitos restaurantes oferecem o tradicional rodízio, com fondue de queijo, seguida de carne e de chocolate.
As casas mais requintadas optam pela charmosa La Pierrade, uma fondue diferente: cortes de filé mignon e frango grelhados na pedra vulcânica, servidos com molhos salgados e doces.
Mas como estamos no Sul, não podemos deixar de se deliciar com um autêntico churrasco, não é mesmo? Em Gramado também tem gente que entende de verdade de churrasco. Antes de apreciar uma suculenta picanha ou uma costela assada ao calor das brasas, vale a pena provar o chimarrão, que além de muito saboroso, é um excelente digestivo.
Um bate-papo, uma roda de amigos e… uma pizza! Claro, Gramado também tem. As feitas em forno à lenha então… são indescritíveis. Para quem está mais light, uma sugestão é correr para os grelhados, a cidade tem ótimas opções, sempre acompanhadas de um resplandescente buffet de saladas.
Todo o charme da França está contido num bistrô. Lá eles são simples, mas em Gramado eles são charmosos, bem decorados e sempre repletos de pessoas bonitas. Estes lugares servem desde pratos mais elaborados, até uma simples baguete e um chá gelado.
Gramado também esconde em alguns de seus recantos, adegas com as melhores safras e os vinhos mais apreciados pelos mais exigentes sommeliers. Já os tradicionais cafés das galerias do centro e da Rua Coberta costumam ser disputados por pessoas de todas as idades, que circulam ávidas por este líquido cheio de vigor, aroma e variações.
 Contudo, nem só de cozinha internacional, chocolates e galetos se faz a mesa de Gramado. A valorosa contribuição dos alemães e italianos que povoaram a cidade é um símbolo de fartura, com produtos genuinamente coloniais.
Num passeio pelo interior de Gramado o visitante pode se deliciar com o shimier feito no tacho de ferro, ou com o pão assado em forno de barro. A spritz biersendo fermentada, ou o vinho guardado na barrica de carvalho nos porões das casas dos colonos são algumas das surpresas deste encontro com o sabor da colônia.

Ps: Dos meus dias em GRAMADO ____ entre 16 à 20/10/2012, sim, foram dias inesquecíveis...
apfelstrudel (fácil)

Ah! a apfelstrudel !!! - uma deliciosa torta de maçã, de massa folhada pronta(arosa) feita de maçã, açucar, limão, nozes e passas escuras... uma receita da cozinha alemã. Deliciosaaaaaaaa!


terça-feira, 25 de setembro de 2012

DO QUE TRANSCENDE-ME


acerca de mim...

há um furtar de imagens
antes valorizadas
agora alheias

há um sempre 
de autoria de mim mesma

há agora um conteúdo
que é exposto
e ponderado
para apreciação
de mim mesma

há que se separar
a beleza da sedução

o mundo é a podridão
do sexo pelo sexo

há o fiel e o leal do que
é saudavel nisso que
agora transcende-me

não há intenção de furtar-me
pois sou o que sou

não há seta negando-me
nessa realidade

contudo essa realidade
agora cheira à limpo
cheira a luz
cheira a sonho de ser sonho

talvez um sonho que não passe
de ser sonho,
mas um sonho que é agora apenas isso...
um sonho bom...
um sonho doce...
um sonho pleno de paz...]

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

DO AMOR EM PAZ...

Tumblr
é aquele que vai na alma e não é negativo,
é aquele que bate no peito
e volta em forma de paz
em forma de sorrisos
em forma de sol...

sábado, 15 de setembro de 2012

AO VENTO III


mover-se na direção das lembranças é reviver um vivido, que é, e sempre será, porque não lembramos do que não foi.

AO VENTO II


porque ao fundo
o sol
já é uma canção]


fui cama
fui paria
asas, pluma macia,
anjo, bicho que vertia desejos,
eram só asas e despejos
bicho de bicho mesmo,
vertiam infernos e não arco-íris,
agora quero desejos de belezas cristalinas,
a loucura do sorriso
quero as cores verdadeiras
as mais raras
as mais caras
e não os pedaços
daquilo que se rasga
e não chega
o que eu busco não verga
sacia
e chega até a eternidade...

não! não mais fantasiar monstros
e idealizar conflitos,
nunca mais...



AO VENTO


dos caminhos
dos mares navegados
dos ondulamentos
do que se percorreu

o espaço foi grande
aproveitou-se
o sono profundo
os fios azuis
a alma livre
o estado puro
as primeiras horas
o que já foi...
sem nunca ter sido
e ainda é

digo-te agora
que o sol floresce limpo
além das aparências...

que as palavras são casas
são voz
e as ruas são mãos
nas minhas mãos

e no rebuliço
do que se despede
vai com o vento
ramos e raízes
que já estão cansadas...
ficam as sementes
os novos frutos 
uma outra estada
já germinada
a vida é ação
é estrada
é palco
é papel principal
é dádiva
ser feliz...

longínquo e profícuo
é respirar nesta busca
nessa paz
nessa permanência
de nós...

talvez
a razão 
da ausência
seja mesmo
a permanência...]

RÉQUIEM PRA UMA SAUDADE


coisas de dentro
coisas de quando...
a gente dizia de coisas...
de quando tudo
parecia verdade
coisas de quando...

a gente tinha de verdade
muita,
muita saudade...

PESSOAS ESTRELAS...


da efêmeridade de tudo_______

algumas nascem,
enquanto
outras morrem______________

eterno ciclo
sem nunca ter sido___________
e o mesmo de sempre

algumas permanecem
mesmo depois
de terem partido
emanando
a mesma luz______
essas
[são aquelas]
muito especiais...

pra sempre...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A MONTANHA MÁGICA




E esse amor atrevido ainda é a causa das minhas reservas mentais. E que bom! E é o volume, não a causa em mim, [já] modificada. É que essa pessoa adulta que mora em mim ainda é criança [só]. E por aqui começam a aparecer esses pequenos convidativos. Não é inveja, nem é por inveja, é que essa terrível adolescente em mim teima em brincar como um bebê, e depois sempre acaba de cara assim...[confusa]  com o seu cheiro, e em seu corpo de bebê de giz que borracha não apaga, ela ainda vive na cabeça da menina,  e respira na mulher que é criança e não sabe inverter sorrisos, e o tempo não alcança, e não cansa, e não espera, mas se vive em mim...

É. A luz é um verbo que eu estou me aprendendo a suportar. Eu estou me aprendendo a suportar-me como infinitos valiosos de ser um dia a mais [sem ser nada].

Acho que têm sido um novo, e em constante revisão, e, sobretudo, e de muitas [e estranhas] possibilidades...

Sei que a elegância em mim causa espanto, [tal como imaginar desenhos de asas em um caixão], mas é tão bom ser, ao menos por uma vez na vida assim, ser esse perfume de espanto [bom] voltado pro sol...

Por tanta paz. Sim, eu estou em completa beneficiação comigo...
só comigo...

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

SÓTÃO



 image
Hoje escrevo inspirada no silêncio. Sem maiúsculas. Sem acentos. Sem reticências. Como se um outono me percorresse num pretérito tão distante. Hoje os olhos estão carregados de lembranças. Como se tudo fosse um céu carregado de nuvens em tempestade. As letras estão distantes. O calendário não conta. Se é outono, primavera, chuva amena ou sol forte. As folhas estão espalhadas. Lugares e ilusões. Tudo está ao silêncio. Eu poderia relatar momentos, momentos, momentos, e momentos. Tantas coisas. Tanta coisa que me fez sorrir. Do que foi. Das conversas trocadas. Das letras  afiadas. Dos chocolates e beijos. Das saudades, que ficarão guardadas nos ponteiros, e nas paginas, de tantos diários. Mas o que sinto, é muito mais que saudade mesmo, é a falta daquele nosso abraço apertado, aquele que era sempre esperado. Daquele sorriso entranhado, dentro das nossas bocas, e esteve em todos os nossos tantos encontros. Mas eu sei, que eu não sei compor rimas claras. Nem crônicas de lápis de cor. E nem sei compor sorrisos de arco-íris. As minhas, são cartas sem selos. [ Sempre ] sem destinatário. E por isso, talvez, nunca tenham chegado até você. É verdade que você deveria receber cartas e cartões por todos os dias do seu aniversário. [sem atrasos] Mas não são as letras que contam. Não são as letras só letras? E as minhas estão ausentes. Estão confusas. Estão distantes do mundo de agora. Não há lugar no papel presente para as minhas letras. E eu acho mesmo que já não mais consigo encontrá-las. Não como um dia encontrei. E não é verdade que todas as lembranças estão nas gavetas, eu trago em fotografias gravadas na alma, momentos dos [teus] olhos nos meus, e que jamais se perdem. E então, estão aqui, nessas tímidas linhas. Eu deixo aqui, o meu carinho, talvez sem as cores e os sorrisos que você tanto aprecia, mas com os desejos de um feliz aniversário, e  desde já... Muitas, muitas saudades mesmo...]

LÁPIS DE COR



Eu tropecei no colorido de um olhar. Me gravei nos rabiscos de um pensar. Fiz todas as cores. Repintei em vermelhos todos os sonhos. Fiz um sol gigante de encher o mundo. Os meus rabiscos foram um pouco de atenção à mim. Frases de ruas. Rimas sem sentido. Sabor das palavras. Doce sorriso. Tudo bem. É o fim de uma chama. É o treino do corpo para o espírito. Eu sei que eu vou doer. Mas eu vou. Pode não ser hoje. Mas eu andarei a minha volta.... Pra mim]

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

MAYA


Maya é a matéria vazia do que nossos olhos físicos e míopes não conseguem perceber. a matéria é insubstancial. é nada. é um sonho. um holograma. é o vazio indivisivel completo e absoluto. é a ilusão sensorial que envolve o espirito. é a captura pelos sentidos que da a falsa ilusão de que vivemos o que se constitui por verdadeiro, mas é  ilusão. essa realidade de aparências, personagens, fantasias. deuses, demônios, dualismos que cegam o devoto com as ilusões. revelar a verdade é a conquista para a iluminação. desvendar essa chave, talvez seja um passo importante para um entendimento mais amplo do universo que nos cerca. 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

RELÍQUIA


o sorriso que está agora em meu rosto, o brilho, a leveza, foi voce quem instalou... Você sabe que muita coisa aconteceu, e eu não consigo contar pra outra pessoa que não seja você... Eu vou retirar essa mecha do meu cabelo do rosto, pra você me olhar melhor... Pra você tocar meu rosto com as pontas dos dedos... Pra eu sentir esse suspiro, essa consciência, essa leveza do toque, pra eu inalar o hálito da tua respiração... Sim, eu estou com um daqueles sorrisos marotos no rosto, [parece bem sacana mesmo], mas não é, tem um outro tipo de brilho, e a primeira coisa que eu quis nessa ansiedade e excitação, foi te olhar, só você sabe que o meu sorriso combina perfeitamente com o teu abraço... E agora, tudo o que eu queria, era ver em teu sorriso, o carinho de um querer infinito, que nos faz gemer...

domingo, 19 de agosto de 2012

CLAVE TRANSPARENTE



 
Ancorados nichos... Ninhos? Rabiscos dilacerados ou diagramados? Sem pavio... Sem luz... Desfeito? Ou defeito do cálice? Surto? Ab-sinto? Nefasto? Não terapêutico... Sem vida... Só morte...? Ou vida?



SUMIÇO


é que a alma carece de uma pausa
o invisivel ponteiro que pulsa o conceito do tempo
pode estar ultrapassado
então eu me empresto ao tempo do nada

sábado, 14 de julho de 2012

GIZ



Sabe...
Gostaria de ter em mim as quatro estações
bem definidas
Nem ser só verão tão quente
Nem inverno tão frio

Primavera...
Outono...
Ah, quem me dera...

Em mim os traços são
só alguns rabiscos Giz
Emoções no papel
que às vezes teimam
em sair coloridos

Imagino ambientes
Crio estações
Movimento sensações
Mas são só linhas...
Folhas que caem...
Flores que abrem...
Riscos pra lugar nenhum

Um desejo
Um despejo
Um projeto
sem apêndice

A chuva fininha
As folhas
As cores
Os tons
O vermelho,
O marrom,
O laranja,
Os azuis,
Os liláses...
O inverno nos movimentos
As cores na primavera
Sem ter motivo algum...

Sabe o que eu queria mesmo?
Queria ser só uma leitura em paz
Ilustrada pelas folhas que caem do outono
Transformado desenho
Queria ser só um livrinho pelas tantas mãos...

Só isso...
Nada mais...
Só GIZ
[que se apaga]
com as primeiras gotas da chuva
esquecer os gestos 
e as linhas que nada me sabem...
Quem sabe assim
[só houvesse paz]
pois tudo o que eu espero
eu ja tenho dentro de mim...

sábado, 7 de julho de 2012

DOMINGO


o relógio
da minha
preguiça
acorda
demorado
acorda
molhado
cheira
a jasmim

o tempo
é bem-vindo

o relógio
do sorriso
que me acorda
acorda
florindo...



SOBRE PÁSSAROS E SILÊNCIO


as vezes a
interpretação
do silêncio
é a evocação
para o branco

ARGUMENTO



quem dera
eu fosse
uma haijin

eu abriria a
janela da brisa
e despertaria

com
um haicai
em mim

NÓ [s]


desenho
e
**  contraste
     * *
          **constante
mudança]

Sobre a sombra e a luz....



na boleia do vento, no silêncio, no mergulho do sono, entre a loucura e a razão, no girar do giro do mundo,
no rodopio do instante, na comédia dos enganos, a gente ama, a gente vive o hoje, como se o amanhã não viesse...]

CORTINA DE GOTAS


quando cala
o silêncio
em mim

é quando
eu te dou
todas as minhas-tuas verdades

EM BRANCO



O processo de criação é um céu limpo e lindo.
O mais lindo de todos.

Um artista só realiza algo novo se deixar de lado
todas as técnicas.
Criar é um processo vestido de branco.
Eis o dilema...]
Qualquer forma de expressão é arte?
Há um processo que tem história e tem teoria.
A visibilidade desse processo diz respeito ao seu tempo,
ao seu espaço, e ao seu objetivo.
Tessitura – criação – universo do espectador?
Criar é um processo em filme que deixa marcas registradas, ou não.
Flagra-percurso... Instantes do seu realizador.
A arte pode ser assim considerada, publica ou particular.
O prazer que esse instante flagra pode ser só do artista.
O seu universo pode ser o seu ateliê e as suas linguagens.

domingo, 1 de julho de 2012

ALMA




Além da palavra, em todas as fontes, caminho presente, presença que fertiliza,
que bebe esperas, e sabe que é de sempre] de eras imemoriais...

Eu sei que a minha primeira lágrima, sempre cairá dentro dos teus olhos primeiro...

Você é a minha viagem pra dentro de mim,
meu amor-perfeito!
esse olhar é além dos frutos visíveis e invisíveis...






EM CARNE VIVA



Prende os teus girassóis
Nas minhas coxas

Prende onde estão
As estrelas e por entre
Os pelos

Prende enquanto eu sinto
Os teus peixes mergulhando
No meu ventre

Prende-me em teu papel
Que arde e aflora
Amor e paixão

E antes que eu escorra
Lamba-me a boca
Acenda os meus lençóis
Por que eu te quero dentro...
Bebendo todos
Os meus líquidos
De mulher
[morando aqui]
Nas veias
Onde são vivas as memórias

A tua pele e cheiro de alecrim
Sexo e poro
Sangue vivo
Escorrendo
Encarnando em mim
    *
         *
              *
                   *

CARTA INTIMA

Hoje, eu te daria girassóis e lírios perfumados. Eu te daria os lábios que gritam, eu te daria os desejos que te exigem, eu te daria o que escorre por entre as minhas coxas. Hoje eu atravessaria o agudo da boca, atravessaria o tesão furioso, eu desesconderia o que está por dentro do meu intimo. Hoje contrariaríamos a eternidade do sexo guloso, seriamos monstruosos. Eu te devoraria em mim. Dentro de mim. Todo, todo dentro de mim, dentro de mim...]

Escrevo nessa ânsia do meu sexo em desassossego, desse incomparável, louco e secreto do que quero. Hoje eu só quero a cópula dos teus beijos, no céu, nas nuvens, na alma... Hoje eu to com saudades, eu to com muitas saudades...




terça-feira, 19 de junho de 2012

TEMPO



solidao.jpg 
As suas marcas
Os seus caminhos

O tempo...
A posteridade
É só um fragmento

O tempo...
As razões da tela
Os seus abafos e desabafos

As viagens
Na caixa de pregos
Ou no odor das flores

O tempo...
Um livro
De negra
Ou alva capa?]

O tempo...
Um café amargo
Um jardim no deserto
Uma caixa de esmolas?
Ou asas de vida...

O TEMPO...
A velocidade
Dos sentidos da vida]

Tempo carrossel
Pedra rolante
Spectrum do pórtico
vida das coisas?
ou só uma ilusão...?


Foto: Leonel Santos Lopes

segunda-feira, 18 de junho de 2012

CLANDESTINA



Penetro]
surdamente
nos teus jardins,
na redoma
das tuas linhas
imaginárias,
das tuas águas,
na tua alma rosa...

Sem espadas,
sem lamentos,
visto,
as tuas,
manhãs claras,
no meu
mundo negro

Colho
asas,
na tua
flauta doce...

Saio
pássaros
do silêncio...

Alojo
os teus
gravetos,
nas minhas
gavetas,
envoltos
em fina
cambraia,
e saio,
só...]

UMA PROSOPOPÉIA – Ou uma fábula moderna e seus apólogos?]



Poetas, pintores, musicistas... [ Essa gente de alma elevada ] imaginam um liso rascunho, e de repente ele está extenso, realça memórias. Porque talvez, sejam um vento doce a espiar os homens através de suas frestas e fendas, enquanto expressam sentimentos.

As janelas azuis...
As doces sombras...
O estremecer sobressaltado
Da eterna chama da vela
O sereno que cai
Pelo binóculo dessa sombra
Acorda esse diálogo
Que arde e baila no ar]

Poderia um ser inanimado, e não humano, só uma casca, uma pele, poderia esse ser expressar seus sentimentos?


LABIRINTO

Perdido
na paranóia
de tantas águas

Estava lá
anelada
ao frio
das aparências

Afundada
entre tantos
rostos,
no céu dos teus enredos

Não foi com mágoa
que  li
onde não estava,
e onde estava,
foi com uma força
triste...]
ah, esse tolo que
adivinha
e insiste,
em alçar vôo
sobre o instinto


Ainda existirá a mesma aparência
na menina
na mulher
e na anciã?
seria ainda a mesma harmonia...?

Então porque
essa ilusão?
eu acho
que existe
um cansaço,
um gosto
de fim,
talvez
por saber
que o
sonho
afinal,
é só
uma
ilusão]


PALAVRAS

Palavras
podem
ser
palavras

Lindas...
Entusiasmadas...
Mágicas...

Angustiadas...
Vazias...
Éticas...

Podem
Expressar...
Enriquecer...
Machucar...

Disfarçar
ou
dizer

Palavras
saem
dos
olhos
e
tocam
a
superfície
da
pele...

PALAVRAS
estalam
entalam
ou calam,
nos
sentimentos]