por fim
e esqueci os beijos
e o arrepio da pele
e o acinzentado das carícias
das ternuras
que sobram,
e que já não sei usar
dos ecos
das flores
que nunca chegaram
das cartas longínquas
do riso com previsão
dos lábios
sem sede de molhar o olhar
sem a doçura que acalente os sonhos
ou os desejos que soletrem a boca
cerrada...
como um segredo desvendado
que se abriu pro mundo
cansada
da ausência anunciada
do gelo...
da névoa...
da neve...
do engano...
da leve partida...
[tão pesada]
eu...
sumida...
acumulada...
em mim...
Este seu poema é sobretudo sentimento, minha sempre querida Lu, um sentimento que parece apalpar a escuridão das palavras, desvendando sentidos, hesitando entre reticências...
ResponderExcluirMas as imagens são, como sempre, muito belas. E tem o seu toque, são originais. Porém uma, reteve minha admiração maior:
cerrada...
como um segredo desvendado
que se abriu pro mundo
Uma metáfora digna dos maiores poetas. Não pela aparente incoerência da frase, o que não seria poético, mas descritivo, apenas; mas, pelo sentido maior que denomina o inominável sentimento do se sentir "desvendado para o mundo". E esse sentimento, mais que qualquer um, faz com que nos acumulemos em nós mesmos. Genial!
Isso é sentimento poético. Sim. Isso é ter talento poético. E, como eu já escrevi hoje, o resto é apenas história. E mais nada.
Continuo o eterno admirador de suas letras, minha tão querida Lu, e penso que será assim até o final dos tempos....
Meus parabéns por um tão belo texto! todos beijos, todos abraços, todas saudades, bom fim de semana, fique bem.
A.