E a gente era como um pássaro de fogo... a gente se fugia e se
entrava pelos ouvidos... se escorria pela pele... pelo cheiro... se adentrava
pelos braços... pernas... pés... dedos... pelos... cílios... olhos... a gente
tinha um cheiro de insone um no outro... do outro... para o outro... a gente se encontrava no emaranhado dos nossos cabelos.... no
enroscamento das nossas madrugadas em concha... nas coxas... no mais... mais... mais... no muito mais... a gente se tinha pelo nariz... o nariz no sexo... e o nosso sexo era na boca... a nossa língua era os nossos
dedos... e os nossos dedos era o nosso coração... a gente era nosso... só
nosso... e de ninguém mais... o meu era teu... e o teu era meu... de ti... de nós...
só da gente... de ninguém mais... a gente
se desabotoava... se desbocava... a GENTE SE DESCABIA
a gente era tão imenso... a gente não se servia...]
"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?"
(Camões)
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Pelo elixir ardente de versos [dizem alguns], são capazes de arrebatar paixões, no entanto, gosto de ser apenas uma ilustre desconhecida. Não sou uma Poeta de desterro algum, sou uma mulher apaixonada, autora de versos dilacerados, vaporosos, transcendentais. Não estou aqui para gerar paixões indefiníveis, mas se os meus versos ganharem o mundo? Lhes sou grata, celebrarei então, mas só depois de morta. Eu preciso ter asas para ensinar a minha alma. Obrigada pela boa, e pela má leitura. Kiss.